Pelos Olhos dos Outros
Solly, como a família chamava Solomon, é judeu. Eles vivem na Alemanha dos tempos de Adolf Hitler. Em 1938, depois que sua irmã foi morta num quebra-quebra capitaneado por nazistas, eles fogem para Lodz, na Polônia. Quando os alemães invadem a Polônia, Solly foge com o irmão, mas acabam separados pelas circunstâncias. O país havia sido dividido entre a Alemanha e a então União Soviética. Passamos a acompanhar a vida de Solly, que acabou num orfanato soviético, onde permaneceu por dois anos sendo doutrinado nas crenças comunistas. Até então, ele ainda mantinha contado com seus pais pelo correio. Quando a Alemanha invade a parte soviética do país, Solly se apresenta como alemão e consegue convencer os nazistas e já que fala russo será aceito como interprete. Inventa o nome falso de Josef Peters e recebe o apelido de Jupp. Sentado em frente a uma fogueira queimando seus documentos, um solado alemão chega e fazem amizade. Robert é ator e Jupp pergunta se não é difícil interpretar outra pessoa. “Mas fácil do que ser você mesmo...”, responde o alemão. Sem saber, ele traduziu a saga de Solomon/Jupp nos próximos anos. O soldado alemão é homossexual, um crime de acordo com as leis nazistas. Tentando transar com Jupp, vê o pênis circuncidado e descobre que o rapaz é judeu. O alemão se solidariza, tornam-se grandes amigos, mas logo o soldado será morto e Jupp ficará sozinho na vida novamente.
Quando ia se entregar aos soviéticos alegando que era russo, os alemães atacam e de desertor Jupp termina como herói. O capitão resolve adotá-lo e o manda para uma escola da Juventude Hitlerista na Alemanha. Durante uma aula de ciência, o professor demonstra as técnicas nazistas de para definir a raça das pessoas e define Jupp como um ariano autêntico. Seu maior problema é a possibilidade de descobrirem sua circuncisão, acaba se ferindo ao tentar puxar a pele do pênis para que ninguém perceba. Não dá certo. Seu outro problema é Leni, a garota cobiçada por todos, mas que só quer saber dele. Ela quer transar com ele, mas por motivos óbvios Jupp evita. Os dois passam por um cemitério judeu que está sendo destruído e Leni demonstra ser anti-semita até a raiz de seus cabelos louros. Jupp dá uma bofetada nela e se separam. Tempos depois, vai a casa dela para se desculpar fica sabendo que ela está grávida. A mãe dela explica que Leni queria um filho ariano. Na conversa, ele acaba confessando que é judeu. A mulher o abraça e sugere que ele não conte para Leni, ela confessa que não compreende mais a filha. Nos últimos dias da guerra, Jupp é capturado pelos soviéticos. Quando está para ser fuzilado por um sobrevivente de campo de concentração, alguém o reconhece. É seu irmão, um dos sobreviventes. Sugere que ele e Jupp, agora Solly novamente, procurem os norte-americanos e que não conte aquela historia, pois ninguém acreditará. O filme termina com a imagem do Solomon mais velho, ele foi viver em Israel. (imagem acima, à direita, Solly sendo diplomado no grupo de jovens stalinistas; acima, à esquerda, Jupp sendo diplomado na Juventude Hitlerista)
Entre a Realidade e a Ficção
Filhos da Guerra (Europa Europa, 1990), dirigido pela cineasta polonesa Agnieszka Holland, é baseado na autobiografia de Solomon Perel. Robert e Carol Reimer destacam uma série de filmes comprometidos com o despertar político de seus ingênuos protagonistas: David (direção Peter Lilienthal, 1978), Charlotte (direção Frans Weisz, 1981), Gotas de Chuva (Regentropfen, direção Michael Hoffman e Harry Raymon, 1981), 38 – Viena Antes da Queda (38 – Auch das war Wien, direção Wolfgang Glück, 1986), Deus Não Acredita Mais em Nós (An uns glaubt Gott nicht mehr, direção Axel Corti, 1982), (Das Boot ist voll, direção Markus Inhoof, 1981), Colheita Amarga (Bittere Ernte, direção Agnieszka Holland, 1984) e Filhos da Guerra (1) – poderíamos citar também a mini-serie de televisão Holocausto (1979). Os Reimer chamam atenção para o fato de que com este filme Holland consegue chamar atenção para as questões relevantes sobre identidade nacional justamente na época da unificação da Europa – em 1992, com a entrada em vigor do Tratado de Maastricht, foi criada a União Européia, coroamento de um processo de unificação que remonta ao final da Segunda Guerra Mundial. Holland se pergunta o que é um homem no século XX, do que depende nosso destino? Depende nossas escolhas ou somos escravos da História, vivendo uma existência absurda? (2)
Filhos da Guerra
discute a questão
da identidade numa
época em que a
Europa quer se
pensar como
uma unidade
A este respeito, duas cenas irônicas podem ser destacadas. Na academia da Juventude Hitlerista, o professor insiste na objetividade de uma Ciência incorruptível e ilustra a eficácia das teorias nazistas da raça ariana provando que Solly, um judeu, é um exemplo de ariano autêntico! No final do filme, quando Solly (então Jupp) é capturado pelos soviéticos, tenta sem sucesso convencer os soldados que ele é judeu. A sorte foi ter sido reconhecido no último segundo por seu irmão recém libertado do campo de concentração na vizinhança. Interpelado pelo oficial soviético sobre as fotografias que mostravam o destino dos judeus, Solly repetiu o que lhe haviam dito antes, que achava que os judeus haviam sido levados para Madagascar – “Eu não sabia, eu pensei... Madagascar, eu não sabia”. O filme gerou protestos e em 1992, um júri alemão se recusou a indicar o filme para concorrer ao Oscar. Holland acusou os membros do júri e afirmou que “eles odeiam esse tema, realmente odeiam”. Além disso, os Reimer ressaltam que Holland tenta fazer o caráter inverossímil das coincidências da trama colocando um aviso para Solly na boca do irmão Isaak: “Não conte sua história para ninguém. Ninguém vai acreditar em você”. Então, no epílogo, Holland insere a imagem do Solomon Perel real, então com 65 anos, próximo a um lago em Israel (3). (nas duas imagens acima, Jupp em seus primeiros contatos com os soldados nazistas)
Apenas ao assistir tais filmes compreende-se a tese de Amarillis Fabritz, reproduz a tese de uma estrutura cômica em Filhos da Guerra que seguiria o modelo carnavalesco ao estilo de Mikhail Bakhtine. Seguramente não seria no sentido de filmes como A Vida é Bela (La Vita è Bella, direção Roberto Benigni, 1997) ou ainda Pasqualino Sete Belezas (Pasqualino Settebellezze, direção Lina Wertmüller, 1975), mas com toques humorísticos. Ou menos ainda como Trem da Vida (Train de Vie, direção Radu Mihaileanu, 1998), onde um grupo de judeus se disfarça de nazistas, outra parte se disfarça de carga para os campos da morte, juntamente com outros judeus que se disfarçam de comunistas. A Vida é Bela problematiza a identidade através do poder de convencimento do discurso de um pai frente ao filho pequeno, que durante toda a sua estada no campo de concentração estava convencido de que tudo aquilo não passava de um grande jogo de esconde-esconde. (imagem acima, à esquerda, Jupp na sala de aula, o professor de nazista de ciência nazista só consegue provar que o judeu é um ariano autêntico)
Fabritz acredita que a comicidade que ele enxerga em Filhos da Guerra é o que permite abandonar a tendência dominante no cinema de se representar o Holocausto como experiência coletiva de uma comunidade passiva. Em vez disso, Filhos da Guerra oferece a oportunidade de explorar a atração e interação de diferentes ideologias (Nazismo e Comunismo) que competiam pelo controle da Europa durante a Segunda Guerra Mundial (4). Seria cômico, então, no sentido do patético. Como quando percebemos a semelhança entre o discurso doutrinário nazista e o soviético, e nas cenas onde Solomon mente para ser aceito. Entretanto, a trilha sonora musical escolhida por Agnieszka Holland não aponta nessa direção, a música é bastante dramática. (imagem acima, à direita, depois de um pesadelo em que sua irmã morta lhe dá um endereço no gueto, Jupp/Solly espia por uma fresta da janela do bonde a situação lá dentro)
Pergunta
endereçada aos
humanos, mas aos europeus em particular:
será que vocês
existem?
endereçada aos
humanos, mas aos europeus em particular:
será que vocês
existem?
Trem da Vida apresenta de uma forma infinitamente mais cômica a questão da identidade. Cada um dos grupos de judeus acaba assumindo a identidade do grupo a que pertencia a ponto de começarem a brigar. No começo, nenhum deles queria ser do grupo dos nazistas. No final, foi a “brilhante atuação” do judeu que desempenhou o papel de oficial nazista que salvou o grupo. O grupo de judeus que atuava como comunistas chegou a incentivar uma rebelião dos ateus. No meio de uma discussão Schlomo, o louco da aldeia (que teve a idéia de tudo aquilo), toma a palavra e diz que pouco importa saber se Deus existe ou não: “Deus criou o homem à sua imagem’. Isso é lindo! Schlomo à imagem de Deus! Mas quem escreveu isso no Torah? Foi o homem, não Deus. O homem. Escreveu sem modéstia, comparando-se a Deus. Talvez Deus tenha criado o homem. O homem... O homem, filho de Deus criou Deus, só para poder se inventar. O homem escreveu a Bíblia para não ser esquecido, sem se importar com Deus. Não amamos e não oramos a Deus. Ou melhor, imploramos para que nos ajude aqui na Terra, mas não nos importamos com ele. Só pensamos em nós mesmos. A questão não é saber se Deus existe ou não, mas sim se nós existimos”.
Filhos da Guerra se destacou em relação a filmes como o documentário Shoah (direção Claude Lanzmann, 1985) ou A Lista de Schindler (Schindler’s List, direção Steven Spielberg, 1993). Nestes filmes, lembra Fabritz, o indivíduo humano está em segundo lugar em relação ao peso dos eventos históricos sobre a comunidade. Em A Lista de Schindler, ressalta Fabritz, a ênfase recai sobre o legado de Schindler (a quantidade de judeus salvos) e não nas fraquezas dele. Mesmo que o filme seja geralmente considerado uma narrativa ficcional, sua atenção aos detalhes e a representação histórica de seus personagens borra a linha entre a veracidade atribuída ao documentário e a visão artística da ficção. No caso de Filhos da Guerra, Holland volta-se para uma narrativa pessoal (a vida de Solomon Perel) de maneira a construir uma visão alternativa da narrativa do Holocausto (5). (nas duas imagens acima, quando Jupp recebe as boas vindas na academia da Juventude Hitlerista após prestar juramento de lealdade absoluta a Hitler)
Os Delírios de Solomon
A valsa entre Hitler
e Stalin remete a todas
as vezes que a Polônia foi
vítima da política entre
Alemanha e Rússia
desde o século 19 (6)
A narrativa realista é atravessada por momentos em que Solomon entra em delírios ou sonhos de caráter surrealista. Quando ele ainda estava no orfanato soviético, estava recitando palavras que o governo queria ouvir sobre ateísmo (“a religião é o ópio do povo”) diante de muitas crianças quando Zenek, um dos órfãos, protesta afirmando que Deus existe. Desafiado pela jovem Inna (a monitora e doutrinadora soviética), ela sugere que ele peça a Deus para fazer chover bombons. Nada acontece. Então, ela se dirige as crianças e sugere aos meninos que peçam bombons a Stalin – o líder soviético. Convenientemente, começam a joga bombons de um buraco no teto. De repente, o orfanato começa a ser atacado, são os alemães invadindo. Solly acaba se perdendo do grupo e, capturado pelos alemães, consegue se passar por alemão. Por azar de Solly, agora Jupp, Zenek reaparece e o acusa de ser judeu. Zenek acaba morrendo. Ao ver sangue, Jupp desmaia e delira. Sonha com Stalin dançando com Hitler (imagem acima), enquanto bombons são atirados do teto e as crianças adoram, Zenek aparece como Cristo. (abaixo, à direita, Solly e a saudação soviética da juventude)
A valsa dançada
por Hitler e Stalin
seria uma referência
ao tratado Molotov-Ribbentrop, dividindo
a Polônia entre si (7)
Outro delírio de Solomon acontece depois de esbofetear Leni no cemitério judeu quando ela se referiu a eles como insetos. De repente, Jupp está com sua família durante a Pessah, uma data judaica que anteriormente havia confessado detestar - por causa do ovo que tinha de comer. Fala com as pessoas, mas ninguém responde. Todos saem da sala, menos um parente todo enfaixado. Jupp, aqui Solly, bate na porta querendo sair. Sua irmã abre a porta e o esconde no armário, pois os nazistas estão chegando. Lá dentro, Hitler também está escondido. A menina diz que ele também é judeu, por este motivo está escondido e com a mão protegendo o pênis – uma referência à circuncisão, uma marca judaica definitiva e incontestável. Hitler o abraça com medo de ser descoberto e se transforma em Robert, o soldado alemão homossexual. Ouve-se um tiro, Solly grita e seu colega de quarto na escola da Juventude Hitlerista o acorda. Era um pesadelo, do qual ele acorda como Jupp novamente. Durante o sonho, sua irmã fala de um endereço. É no gueto judeu da cidade. Jupp diz que tem que ir a Litzmannstadt – novo nome de Lodz, em sua política de colonização alemã das terras conquistadas, muitas cidades polonesas tiveram seus nomes mudados pelos nazistas. Ele não pode sair do bonde, que tem as janelas cobertas para que ninguém veja o estado dos judeus. Mas o rapaz consegue ver alguma coisa das imagens grotescas. Porém, não consegue encontrar a mãe. Nos sonhos de Solly/Jupp, conclui Fabritz, há uma fusão contínua de elementos visuais dos nazistas e dos soviéticos. Seu subconsciente talvez esteja procurando encontrar o sentido do mundo em que ele está vivendo.
Juventude Hitlerista e Lebensborn
Filhos da Guerra também lança uma luz sobre a paternidade durante o regime nazista de Adolf Hitler. Se Solomon perdeu sua família, Leni, a lourinha anti-semita também. Fosse ou não uma intenção direta do projeto Nazista o fato é que, com seus juramentos de obediência a Hitler e códigos de conduta, a Juventude Hitlerista funcionava como uma espécie de institucionalização da revolta dos filhos contra os pais. Os rapazes e moças que ingressavam na Juventude Hitlerista juravam lealdade a Hitler como nunca tinham jurado aos próprios pais – como na cena do juramento de Solly diante ao entrar para a academia da instituição. Naturalmente, havia o respeito a uma autoridade, o “novo pai” era Hitler – que no caso do Komsomol era Stalin. O elemento chave na força da Juventude Hitlerista a favor do Estado era o deslocamento do foco da autoridade, os pais que fossem contra o ingresso de seus filhos na instituição seriam também contra o Estado. Era preciso remodelar a imaginação pública em função dos interesses do Partido Nacional Socialista e o cinema alemão da época foi uma arma forte na busca desse objetivo (8) – embora se possa dizer o mesmo em relação à indústria cinematográfica de certos países atualmente.
O comportamento de Leni é esclarecedor nesse sentido. Primeiro assistimos o discurso anti-semita dela em pleno cemitério judeu – eles deveriam ser esmagados como insetos. Posteriormente, quando Jupp a procura em casa, encontra a mãe dela, que confessa não compreender mais os “jovens de hoje”. A mulher explica a Jupp que Leni engravidou de um ariano legítimo – o companheiro de quarto de Jupp. Leni, disse a mãe, quer dar seu filho à Hitler e temia que um impuro não fosse aceito – durante a aula de ciência, Jupp é considerado um ariano autêntico, mas não da raiz nórdica considerada a mais pura. A mãe de Leni citou Lebensborn, um programa de reprodução em larga escala visando a purificação da raça ariana – capitaneado por Heinrich Himmler, o homem forte das SS. Porém, essa escolha de Leni não implicava que ela fosse casar com o rapaz ou que ele assumisse a paternidade. O importante eram os antecedentes arianos do casal. As crianças eram cedidas ao projeto e adotadas como órfãos. Portanto, o conceito de família na cabeça de Leni havia sido totalmente modificado – e estava em franca oposição ao de sua própria mãe e aos laços hebraicos de Jupp com sua família. (imagem acima, à esquerda, Jupp está prestes a ser fuzilado por um sobrevivente do campo de concentração quando é identificado pelo irmão e virá Solly novamente; acima, à direita, Leni após levar uma bofetada de Jupp por ter chamado os judeus de insetos, ao fundo podem-se ver centenas de lápides empilhadas, eles estão num cemitério judeu que está sendo desmontado pelos nazistas)
Diga-me Com Quem Andas...
Fabritz chama atenção para a característica camaleônica de Solomon. Ao longo do filme, Solomon encontrará um mentor para cada grupo que atravessa sua vida: seu pai para o Judaísmo (as cenas da circuncisão e do bar mitzvah), Inna para o Comunismo (a admissão de Solly no Komsomol – organização juvenil do Partido Comunista Soviético), e o general que queria adotá-lo para o Nazismo (a admissão de Jupp na academia da Juventude Hitlerista – organização juvenil do Partido Nazista). O poder de Solomon foi sua capacidade de internalizar o discurso de cada um desses sistemas, o que permitia que ele mudasse de grupo imediatamente. Como na seqüência em que ao perder seu único amigo alemão na trincheira, Jupp imediatamente estabelece um contato de rádio com os soviéticos e alega que havia sido feito prisioneiro. Entretanto, quando vai ao encontro deles, os alemães estavam contra-atacando e Jupp volta a seu lugar como soldado alemão – e chega à academia da Juventude Hitlerista como um herói da raça germânica. Dominar a retórica marxista no idioma russo permitiu que ele pudesse posteriormente entrar em contato com as tropas soviéticas no campo de batalha. Seu domínio da educação e do idioma alemão garantiu sua inclusão no grupo social nazista como um verdadeiro alemão. (imagem acima, após ser capturado em combate pelo soviéticos e insistir que é judeu, Jupp é apresentado a algumas imagens das atrocidades nazistas contra os judeus; abaixo, a seguir o irmão de Solly o reconhece e salva sua vida)
A capacidade de Solly mudar de identidade demonstra que ela é uma construção cultural. As imposturas de Solly acontecem em dramas de reconhecimento e desconhecimento. Identidades supostamente baseadas em critérios biológicos (como a forma craniana de um ariano autêntico) tornam-se secundárias em relação à habilidade de Solly dominar o discurso da sociedade. O domínio de Solly consegue esconder seu pênis circuncidado. Robert, o soldado alemão homossexual consegue esconder sua tendência sexual (que o levaria para um campo de concentração) através do comportamento militar. De maneira similar, a capacidade de Solly em dominar o discurso marxista, o faz ser aceito no orfanato soviético, mesmo que ele seja de origem burguesa. Citando Susan Linville, Fabritz afirma que essa confusão política na Europa oriental durante a guerra era o ambiente perfeito para uma personalidade do tipo Zelig. Nome de um filme homônimo do cineasta norte-americano Woody Allen, Zelig queria tanto ser aceito por todo mundo que se metamorfoseava, até mesmo fisicamente, nos outros (9). Respondendo à psiquiatra que perguntou por que isso acontecia, Zelig disse: “É mais seguro ser como todo mundo!”
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O Holocausto de Pasqualino
A Bruxa Italiana de Żuławski
Notas:
1. Com exceção de Colheita Amarga e Filhos da Guerra, títulos lançados no Brasil, todos os outros são traduções literais dos títulos de lançamento nos Estados Unidos.
2. REIMER, Robert & Carol J. Nazi-Retro. How German Narrative Cinema Remembers the Past. New York: Twayne Publishers, 1992. Pp. 140.
3. Idem, pp. 146-7.
4. FABRITZ, B. Amarillis Lugo de. Agnieszka Holland: Continuity, the Self, and Artistic Vision. In LEVITIN, Jacqueline; PLESSIS, Judith; Raoul, Valerie (eds.). Women Filmmakers: Refocusing. New York/London: Routledge, 2003. P. 98.
5. Idem, p. 102.
6. Ibidem, p. 105.
7. Ibidem, p. 104.
8. RENTSCHLER, Eric. The Ministry of Illusion. Nazi Cinema and it’s Afterlife. Massachusetts: Harvard University Press, 1996. Pp. 58 e 68.
9. FABRITZ, B. Amarillis Lugo de. Op. Cit., p. 104.
Uma Vida Não Tão Bela
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Notas:
1. Com exceção de Colheita Amarga e Filhos da Guerra, títulos lançados no Brasil, todos os outros são traduções literais dos títulos de lançamento nos Estados Unidos.
2. REIMER, Robert & Carol J. Nazi-Retro. How German Narrative Cinema Remembers the Past. New York: Twayne Publishers, 1992. Pp. 140.
3. Idem, pp. 146-7.
4. FABRITZ, B. Amarillis Lugo de. Agnieszka Holland: Continuity, the Self, and Artistic Vision. In LEVITIN, Jacqueline; PLESSIS, Judith; Raoul, Valerie (eds.). Women Filmmakers: Refocusing. New York/London: Routledge, 2003. P. 98.
5. Idem, p. 102.
6. Ibidem, p. 105.
7. Ibidem, p. 104.
8. RENTSCHLER, Eric. The Ministry of Illusion. Nazi Cinema and it’s Afterlife. Massachusetts: Harvard University Press, 1996. Pp. 58 e 68.
9. FABRITZ, B. Amarillis Lugo de. Op. Cit., p. 104.