Truffaut é mais um desses cineastas que se utiliza de episódios da sua vida particular em seus filmes. Mas às vezes ele apenas projeta situações semelhantes às de sua biografia, modificando o contexto. Alguns dos principais temas de sua obra giram em torno da infância, do fascínio dos homens pelas mulheres, da construção da maternidade, de uma obsessão pela morte, da difícil procura de uma compreensão do amor, das ligações entre ficção e realidade, e um conflito entre o provisório e o absoluto, (permanente, definitivo). Antoine Doinel é um personagem bem conhecido para aqueles acostumados aos filmes do cineasta francês. Assim como Marcello Mastroianni era o alter-ego de Federico Fellini em seus filmes, Doinel cumpria a mesma função em relação à Truffaut. (imagem acima, Domicílio Conjugal)
“Eu sou muito menos autobiográfico
do que as pessoas pensam”
François Truffaut
do que as pessoas pensam”
François Truffaut
Com o personagem Doinel ele realizaria Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups, 1959), Antoine e Colette (Antoine Et Colette, 1962), Beijos Proibidos (Baisers Volés, 1968), Domicílio Conjugal (Domicile Conjugal, 1970) e Amor Em Fuga (L’Amour em Fuite, 1979). Nos cinco filmes do ciclo Doinel, acompanhamos as peripécias e desventuras de Antoine/Truffaut quase como um diário filmado. Em A Noite Americana (La Nuit Américaine, 1973), agora com o nome de Alphonse, temos novamente Antoine. O que reforça a sensação de continuidade entre os filmes é o fato de que temos sempre o mesmo ator a representar este personagem. É Jean-Pierre Léaud quem encarna o personagem com uma eternamente problemática relação com as mulheres. Para alguns críticos Truffaut era misógino, mas realizou filmes com fortes personagens femininas. E o cineasta francês colocava sempre a mesma frase na boca de Antoine: “As mulheres são mágicas?”
A intensidade das relações de Truffaut com as mulheres de sua vida foi passada para as telas de cinema, embora ele tenha insistido em afirmar ser muito menos autobiográfico do que as pessoas imaginam. De suas várias conquistas entre famosas atrizes francesas, uma coisa salta aos olhos. Sempre sobrevivia uma forte amizade quando as relações terminavam. Alguns especialistas na vida do diretor francês diziam que ele sempre foi infiel, entretanto mais por uma necessidade de seduzir e de ser amado do que de rivalizar com Don Juan. Truffaut teria passado a “vida à procura do amor que sua mãe lhe negara, desesperado para provar que era digno de ser amado, vezes e vezes sem conta” (1). Quando assistimos a Os Incompreendidos, vemos exatamente este contexto. Antoine Doinel ainda é um adolescente, a relação com sua mãe é complicada; ele acaba num reformatório, e nos próximos filmes do ciclo Doinel percebemos uma longa série de fracassos perante a vida e em seus relacionamentos afetivos.
Notas:
Leia também:
As Deusas de François Truffaut
1. INGRAM, Robert; DUNCAN, Paul (ed.). François Truffaut. A filmografia completa. Köln: Taschen, 2004. P. 18.
A intensidade das relações de Truffaut com as mulheres de sua vida foi passada para as telas de cinema, embora ele tenha insistido em afirmar ser muito menos autobiográfico do que as pessoas imaginam. De suas várias conquistas entre famosas atrizes francesas, uma coisa salta aos olhos. Sempre sobrevivia uma forte amizade quando as relações terminavam. Alguns especialistas na vida do diretor francês diziam que ele sempre foi infiel, entretanto mais por uma necessidade de seduzir e de ser amado do que de rivalizar com Don Juan. Truffaut teria passado a “vida à procura do amor que sua mãe lhe negara, desesperado para provar que era digno de ser amado, vezes e vezes sem conta” (1). Quando assistimos a Os Incompreendidos, vemos exatamente este contexto. Antoine Doinel ainda é um adolescente, a relação com sua mãe é complicada; ele acaba num reformatório, e nos próximos filmes do ciclo Doinel percebemos uma longa série de fracassos perante a vida e em seus relacionamentos afetivos.
Notas:
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1. INGRAM, Robert; DUNCAN, Paul (ed.). François Truffaut. A filmografia completa. Köln: Taschen, 2004. P. 18.