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Roberto Acioli de Oliveira

Arquivos

21 de jul. de 2010

Herzog, o Conquistador do Inútil




“Se abandonar
este projeto
, eu
serei um homem
 
sem sonhos”
 

Herzog,
comentário sobre os
problemas que enfrentou
durante as filmagens



 

No Meio do Caminho Tinha Uma Montanha

Surgindo da escuridão noturna, Fitzcarraldo e Molly chegam num pequeno barco e se apressam na direção das escadarias iluminadas do Teatro Amazonas. Viajaram desde Iquitos, cidade peruana a dois mil quilômetros, só para ouvir o tenor italiano Enrico Caruso (1873-1921) em Manaus - capital do Estado do Amazonas – no Brasil. Estamos na época do comércio da borracha na Amazônia, época em que enormes fortunas nasceram. A ostentação em Manaus fica evidente quando oferecem champagne para os cavalos. Fitzcarraldo procura financiadores para construir um teatro de ópera em Iquitos. Também ficamos sabendo da ferrovia transandina, projeto seu que não vingou. Ganha a vida com outro projeto também fadado ao fracasso, a fabricação de gelo – numa época em que o artigo era escasso. Um desses milionários (os barões da borracha) ironiza fazendo um brinde a Fitzcarraldo, “o conquistador do inútil”.




“Somente quem
sonha alto pode
mover montanhas”

Molly,

referindo-se a
Fitzcarraldo





A obstinação de Fitzcarraldo é grande, mas sua força de vontade é minada por uma falta de objetividade típica dos sonhadores. Ele não compreende por que mesmo os ricaços da borracha hesitam em financiá-lo. Molly dirige um bordel, ele não se incomoda, mas não suporta aqueles que acham que o dinheiro compra tudo. Isso não o impede de aceitar o dinheiro dela e comprar um navio. Batizado de Molly Aida (uma referência à ópera de Verdi), com ele Fitz (como Molly o chama) será capaz de buscar um carregamento de borracha num lugar inacessível e inexplorado - conseguindo desta forma ganhar o dinheiro que tanto precisa para a construção do teatro de ópera. Entretanto, no meio do caminho tinha uma montanha. Após um esforço sobre-humano e a ajuda dos índios, (que acreditavam que Fitzcarraldo era um deus) conseguem arrastar o navio sobre ela, era a única forma de colocar um navio naquele local.





“A decência 
apenas me levou
 à falência”

Fitzcarraldo







Depois que finalmente conseguem atravessar se entregam a uma grande festança. Tarde da noite, enquanto todos dormem profundamente, um dos indígenas solta o barco. Quando Fitzcarraldo se dá conta o navio já está nas corredeiras, um ponto sem retorno. Todo o esforço se perdeu... O objetivo de todo aquele esforço na montanha seria, o índio acreditava, acalmar os maus espíritos ao soltar o barco nas corredeiras. De volta a Iquitos, Fitzcarraldo vende o barco e gasta tudo mandando trazer de Manaus músicos e cantores de uma companhia de ópera. Por agora, encenarão no barco em movimento. Fitzcarraldo está de pé do lado de uma cadeira do teatro de ópera de Manaus. O lugar talvez esteja reservado para Molly, que alegremente assiste a cena da margem do rio - mesmo que tudo aquilo tenha sido comprado com suas economias.

O Europeu e Suas Pragas/Presenças




“Só acreditaria
nisso tudo se
 
fosse um filme”
 

Frase de Herzog que define sua visão
em relação ao cinema e a realidade (1)






Contra tudo e contra todos, Fitzcarraldo (1982) foi dirigido por Werner Herzog em locações na Amazônia peruana e na cidade brasileira de Manaus, onde de fato havia sido construído um teatro de ópera em plena selva – o Teatro Amazonas foi inaugurado em 1896. Portanto, o projeto de Fitzcarraldo já havia sido realizado muitas décadas antes dos heróis desesperados de Herzog surgirem na tela do cinema. Fitzcarraldo é um deles, histriônico e dado a projetos irrealizáveis. Embora Herzog insista que a ópera é o assunto do filme, tanto que até chegou a inserir nos créditos iniciais a voz do tenor italiano Enrico Caruso como um personagem (2), a problemática que justifica os acontecimentos quase desaparece em função da aventura de Fitzcarraldo empreenderá com o intuito de conseguir dinheiro para realizar seu sonho.




Fitzcarraldo achava que
 
poderia usar os índios em 
seu  proveito.  Entretanto,
foi o índio que usou Fitz






De acordo com Thomas Elsaesser, Fitzcarraldo é uma espécie de irmão mais feliz de Aguirre, aquele outro personagem de Herzog (Aguirre, a Cólera dos Deuses; Aguirre, der Zorn Gottes, 1972) (3). Mas não necessariamente no sentido de mais bem sucedido... A diferença talvez seja apenas de grau, enquanto Fitz tem um navio, Aguirre termina seus dias sozinho, numa balsa à deriva num rio desconhecido e deslizando na direção de lugar nenhum. Quando o rico proprietário ironiza Fitz chamando-o de conquistador do inútil, Fitzcarraldo faz um desafiado: “Tão certo quanto estou aqui um dia trarei a ópera para Iquitos. Vou passar você para trás. Vou ultrapassar os seus bilhões. Sou o espetáculo da floresta. Sou o inventor da borracha. Vou emborrachar você! Uma tosca caricatura da grande ópera”. No final, um índio porá tudo a perder.




Na verdade, a inspiração de
Herzog  foi  um sonho que já

 havia sido realizado: o teatro 
de ópera em Manaus, Brasil






No início do filme somos apresentados a uma lenda dos povos da floresta: “Os indígenas chamam este país de Cayahuari Yacu, a terra onde Deus não terminou a criação. Eles acreditam que somente quando o homem for extinto Deus voltará para terminar seu trabalho”. Nos créditos, agradecimentos aos grupos indígenas que participaram - os Ashininka-Campa do rio Gran Pajonal, os Campa do rio Tambo e o Machiguengas do rio Camisea, todos na selva amazônica peruana. Burden of Dreams, o documentário de Les Blank sobre Fitzcarraldo, mostra a saga de Herzog. Em 1979, Herzog monta acampamento próximo à fronteira do Peru com o Equador - países estavam em estado de guerra. Além disso, a terra dos índios Aguaruna (Awájun) estava sendo invadida, com a aprovação do governo. Em certo ponto, existiam rumores de que a equipe de Herzog faria barbaridades e depois mataria a todos os índios. Fotografias dos campos de concentração nazistas convenceram os Aguarunas de que Herzog era um monstro e atacaram seu acampamento. Herzog se mudou e, em 1981, o filme começou a ser rodado em Iquitos (4).



Herzog
considera a voz
de Enrico Caruso
mais um dentre
os personagens
 
do filme




A lenda indígena que fala de um país que deus deixou inacabado, exposta em meio às paisagens luxuriantes da floresta equatorial, estaria a sugerir uma oposição entre a perfeição divina e a imperfeição humana e da própria natureza. Grazia Paganelli afirmou que é mais do que isso. Seria uma rebelião em relação à perfeição divina. Como parte dessa rebelião o homem se insinua e se esconde, inventando aventuras impossíveis ou irrealizáveis como escalar uma montanha com um navio. Não nos esqueçamos que não é o navio a verdadeira loucura, mas a ambição de fazer a ópera ser ouvida entre os cantos dos pássaros. Fazer a ópera soar naquele mundo inacabado, como diria Herzog. A imperfeição como a única virtude necessária para conquistar as coisas inúteis, enquanto a selva, inóspita, áspera e impetuosa é palco dessa inutilidade vital (5).

Fitzcarraldo, um Filme da Alemanha






Fitzcarraldo enfrentará
o desafio do impossível

O tema de Herzog (6)






A figura de Klaus Kinski, o protagonista desvairado de muitos filmes de Herzog, é quase uma marca registrada dos trabalhos do cineasta. Entretanto, por mais que Fitzcarraldo tenha a cara de Kinski, não a primeira escolha para o papel. Antes dele, Jason Robards, com o roqueiro Mick Jagger atuando como Wilbur, o sobrinho doido dele. O primeiro ficou doente, o segundo tinha compromissos com sua banda. Mario Adorf também abandonou as filmagens. “Se eu abandonar este projeto, seria um homem sem sonhos”, foi o que respondeu Herzog a seus incrédulos financiadores, que não acreditavam que o filme se concluísse - o projeto estava na metade quando teve que ser re-filmado (7). Segundo Elsaesser, até Jack Nicholson foi cogitado (8). O papel de Jagger foi suprimido e a participação de Molly cresceu, incorporando muitas frases de Wilbur (9). As lendárias brigas entre Herzog e Kinski se repetiram durante as filmagens de Fitzcarraldo. O próprio Herzog as mostraria em Meu Melhor Inimigo (Mein Liebster Feind, 1999). Os índios peruanos que participaram chegaram a se oferecer para matar Kinski. Houve muita publicidade em torno da produção e pelo menos dois documentários. Para Elsaesser, uma propaganda excessiva gerou um efeito contrário ao esperado, fazendo com que o público já “tivesse visto” o filme quando foi lançado.



Construir
a ópera na selva
parecia tão i
mpossível
quanto conseguir que salas

de cinema não falissem
na Alemanha
Ocidental



Na opinião de Elsaesser, este poderia ser um filme sobre a Alemanha (Heimat Film), transportado para a selva. Um filme sobre a Bavária, com um personagem não muito diferente de Ludwig, o rei louco que construía castelos e custeava as óperas de Richard Wagner. Certamente, afirmou Elsaesser, Fitzcarraldo pode ser visto como um anti-herói que, frustrado com o fracasso da ferrovia, volta-se para a arte e a música. O filme poderia ser também uma variação de Ludwig, Réquiem Para um Rei Virgem (Ludwig - Requiem für einen jungfräulichen König, direção Hans-Jürgen Syberberg, 1972). De qualquer forma, o interesse pela ópera parecia ser uma das tendências temáticas do Cinema Novo alemão. Outro cineasta, Werner Schroeter, realizou a montagem de Ernani, de Giuseppe Verdi (1813-1901), no começo do filme. No final do filme, I Puritani, de Vincenzo Bellini (1801-1835), a ópera cantada no navio, foi o consolo que restou a Fitzcarraldo.




A esquerda alemã
achou que Fitzcarraldo era
um filme de propaganda da
direita capitalista







Certa vez um crítico de cinema sugeriu que Herzog poderia ter feito este filme na própria Alemanha. Ao invés de Fitzcarraldo construir um teatro de ópera na selva, poderia tentar manter um cinema no interior da Alemanha Ocidental (10). Em No Decurso do Tempo (In Lauf der Zeit, 1976), vimos como Wim Wenders abordou essa questão - os proprietários só podiam escolher entre duas opções, passar filmes pornográficos ou fechar as portas. Mas as críticas podiam ser ainda mais violentas. Para alguns membros da esquerda alemã, Fitzcarraldo (e toda a cobertura que recebeu na imprensa na época) constituiria mais uma vitória da contra-revolução (leia-se, contra ataque da direita), uma defesa estética e ideológica do irracionalismo que estaria traindo o trabalho antiautoritário de toda uma geração. De acordo com esse ponto de vista, todo o esforço de Fitzcarraldo não passaria de uma espécie de "totalitarismo da auto-realização".

A Realidade e a Ficção



Herzog construiria
dois navios a vapor 
idênticos, um deles
subiria a montanha
,
de  fato derrubou
todas aquelas matas
 
para ele passar (11)





Burden of Dreams, o documentário de Les Blank, esclarece muitas questões e acaba, num certo sentido, constituindo um segundo Fitzcarraldo. O cineasta restaurou a carcaça do navio que vemos no filme. Encontraram mais um barco idêntico e o restauram também, um terceiro navio foi usado para levar a equipe de filmagem. Herzog fez questão de que todos fossem para locações na selva. A partir daí, o problema passou a ser a estação seca, que impedia a navegação. Então, alguns índios da equipe foram atacados por Amahuacas (?) da região. Em certo momento, Herzog confessou que não imaginava o que mais poderia acontecer. Para evitar os problemas que havia tido com os Aguarunas, fez um acordo com os Machiguengas defendendo o direito deles ao título de propriedade das terras em torno da filmagem. Mas as filmagens pararam porque tudo virou lama, até a equipe de filmagem estava ficando entediada. Os índios, que ficariam três meses a mais do combinado. Como não viviam em grandes grupos, as tensões cresciam.






Um engenheiro brasileiro
projetou o sistema para fazer
o  navio  subir. Porém Herzog
mudou as regras. Uma equipe
peruana terminou o serviço







Herzog disse que na floresta só faltavam os dinossauros. Como se fosse uma terra pré-histórica amaldiçoada, quem entrasse receberia essa herança maldita – no caso, a equipe do cineasta. Se Deus criou essa terra, desabafou Herzog, ele a criou irado. Um mundo inacabado onde a única harmonia é o assassinato coletivo. Não somos nada frente a isso, acrescentou o cineasta, temos que ser humildes na selva; frente a todo esse esmagador tormento, esmagadora fornicação, esmagador crescimento, esmagadora falta d’água. Mesmo as estrelas no céu parecem uma confusão, não existe a harmonia como a concebemos. Mas quando diz essas coisas, esclarece Herzog, fala com admiração pela selva. Ele não a odeia a floresta, ele a ama. Por outro lado, se acreditasse no demônio, confessou o cineasta, ele estaria bem ali. Para não deixarmos nenhum detalhe de fora, houve ainda um acidente com o avião da equipe, com vítimas fatais (12).


“Parece que não
conseguimos c
urá-los 
da idéia de que a nossa
vi
da de todos os dias seja só
uma ilusão, atrás da qual
se encerra a realidade
do sonho”


 

Um missionário comenta sobre
os índios com Fitzcarraldo




Na verdade, existiu um tal Carlos Fermín Fitzcarraldo. Foi um homem mal que morreu aos 35 anos de idade. Antes disso, matava que não trabalhasse para ele. Viveu naquela mesma região onde se passa o filme de Herzog, existe até mesmo uma cidade com esse nome. O cineasta conhecia a historia desse Fitzcarraldo, mas não se interessou (13). Esse outro era um sanguinário que nada tem a ver com o personagem de Herzog. Entretanto, ele havia realizado uma coisa... No começo do século passado, atravessou um navio por sobre uma montanha, só que desmontou o barco e remontou do outro lado. Tudo isso inspirou Herzog a construir seu próprio Fitzcarraldo. A história do oferecimento dos índios para matar Kinski torna-se perigosamente coerente, já que o ator encarnava um encrenqueiro. Além do mais, possuía o mesmo nome de um monstro que viveu na região - Herzog não fez comentários sobre a escolha desse nome para de Kinski...


(...) As primeiras
imagens 
[desse filme] focalizariam dois alucinados
que enxergam na ópera a
própria realidade, e não
um alegre casal de

enamorados”

Lúcia Nagib, explicando que na cena inicial seria
Wilbur a chegar à ópera com Fitz e não Molly (14)


O Conquistador do Inútil 



Mesmo antes de terminar
o filme
, Herzog afirmou que mesmo que conseguisse levar
o  navio  até  o  outro lado da montanha e terminar o filme
, ninguém que venha elogiar o esforço conseguirá convencê-
lo a ficar feliz com tudo isso




Em Fitzcarraldo, uma ação heróica (a travessia do intransponível, a passagem do navio pela montanha) está ligada a uma ação sublime (que a floresta virgem se torne o templo da ópera e da voz de Caruso). Este foi o ponto de vista de Gilles Deleuze, para quem Herzog é o mais metafísico dos cineastas. Deleuze divide a obra do cineasta a partir de dois tipos de Idéia: o Grande e o Pequeno. Fitzcarraldo pertenceria ao primeiro grupo, onde um homem de excessos habita um mundo também desmesurado e concebe uma ação tão grandiosa quanto a selva que o circunda e o engole. “Trata-se de um empreendimento louco, que nasce da cabeça de um iluminado, e que parece ser o único capaz de se igualar ao meio inteiro”. Uma atitude que se desdobra numa ação sublime e engendra uma ação heróica que se confronta com a floresta e transpõe o intransponível (a montanha). A ação sublime corresponde a uma dimensão alucinatória em que a ação do espírito a eleva ao ilimitado na Natureza. A ação heróica, por sua vez, corresponde a uma ação hipnótica em que o espírito enfrenta os limites que a Natureza lhe impõe (15).





Fitzcarraldo levou
quatro longos anos para
ser completado







Quando se passa a conhecer toda a problemática produção deste filme, torna-se possível pensar em Fitzcarraldo como um alter ego de Herzog. Afinal, o cineasta passou por mil e uma atribulações, até mesmo atravessando um barco (que não era cenográfico) através de uma montanha. Como todas as questões que se desdobram das situações vividas por Fitzcarraldo, mas também por causa de todas as vicissitudes e problemas que afetaram a produção, Werner Herzog só poderia dar a seu livro de memórias sobre este projeto o título de Conquistador do Inútil!




“Não   são   apenas
meus sonhos, minha crença
é de que todos esses sonhos são
seus também. A diferença entre mim
e você é que eu posso realizá-los. (...)
Fazer cinema, ou poesia, ou literatura,
ou pintura, é sobre isso. Simples assim...
e é meu dever, porque esta pode ser a
crônica interior daquilo que somos.
Temos   que   nos   articular,
caso   contrário,   seremos
vacas  no  campo” (16)





Antonioni e o Grito Primal
Antonioni e o Vazio Pleno
Zurlini e o Deserto de Nossas Vidas
As Mulheres de Pier Paolo Pasolini (IV)
Aquele que Sabe Viver
A Nudez no Cinema (I)

Notas:

1. HERZOG, Werner. Caminhando no Gelo. Tradução Lúcia Nagib. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982 P. 11.
2. NAGIB, Lúcia. Werner Herzog: o Cinema Como Realidade. São Paulo: Estação Liberdade, 1991. P. 142.
3. ELSAESSER, Thomas. New German Cinema: A History. London: Macmillan, 1989. 223.
4. BLANK, Les. Burden of Dreams (1982). Documentário sobre Fitzcarraldo.
5. PAGANELLI, Grazia. Sinais de Vida. Werner Herzog e o Cinema. Tradução Marta Amaral. Lisboa: Edições 70/Indie Lisboa, 2009. P. 76.
6. BLANK, Les. Op. Cit.
7. Idem.
8. ELSAESSER, Thomas. Op. Cit., pp.304-5.
9. NAGIB, Lúcia. Op. Cit., p. 167.
10. ELSAESSER, Thomas. Op. Cit., p. 305.
11. NAGIB, Lúcia. Op. Cit., p. 161.
12. BLANK, Les. Op. Cit.
13. Idem.
14. NAGIB, Lúcia. Op. Cit., p. 165.
15. DELEUZE, Gilles. Cinema 1: A Imagem-Movimento. Tradução Stella Senra. São Paulo: Brasiliense, 1985. P. 228-9. Ver também PAGANELLI, Grazia. Op. Cit., p. 43.
16. BLANK, Les. Op. Cit.


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