comigo, eu estaria
bem mais feliz”
Brigitte Bardot
bem mais feliz”
Brigitte Bardot
Os Olhos da Imaginação



patriarcal e misógina
Ingmar Bergman chega a criar essa situação em Persona (1966), quando a personagem de Bibi Andersson descreve minuciosamente sua aventura sexual com um rapaz numa praia. Enquanto conta a história, ela está vestida, mas nós conseguimos desnudá-la utilizando suas próprias palavras como nossas "mãos". Da mesma forma, Bardot estava vestida na cena de E Deus Criou a Mulher onde um motorista chama atenção de seu passageiro para o pescoço daquela mulher. Ele diz que o pescoço dela canta. E nós o vemos cantar. No século XVI existiu um gênero poético chamado Brasão (Blason). Consistia numa descrição detalhada, elogiando ou satirizando alguém ou um objeto.
No cinema essa operação consiste em recortar os corpos. Queira ou não, quadro a quadro, filme a filme, cada cineasta constrói seu próprio brasão do corpo (2). Em O Desprezo, Godard cria o seu no diálogo entre Camille /Brigitte Bardot e Paul - note-se que Godard intercalou o vermelho, o branco e o azul, as cores da bandeira francesa.
Camille: Vê meus pés no espelho?
Paul: Sim.
Camille: Acha que eles são bonitos?
Paul: Sim... Muito.
Camille: E meus tornozelos... Você gosta deles?
Paul: Sim...
Camille: E dos meus joelhos, você gosta também?
Paul: Sim... Eu gosto muito dos seus joelhos.
Camille: E minhas coxas?
Paul: Também.
Camille: Vê minha bunda no espelho?
Paul: Vejo.
Camille: Acha que tenho uma bunda bonita?
Paul: Sim... Muito. [...]
Camille: E meus seios, gosta deles?
Paul: Sim, muito.[...]
Camille: O que você prefere? Meus seios ou o bico dos meus seios?
Paul: não sei, gosto dos dois.
Camille: E meus ombros, gosta deles?
Paul: Sim.
Camille: Acho que não são muito arredondados.... E meus braços?
Paul: Sim.
Camille: E meu rosto?
Paul: Também.
Camille: Todo? Minha boca... Meus olhos... Meu nariz... Minhas orelhas?
Paul: Sim, tudo.
Camille: Então, você me ama inteira!
Paul: Sim. Eu amo você inteira, delicadamente, tragicamente.
Camille: Eu também, Paul.
Notas:
1. AMENGUAL, Barthélemy. Parlé In BERGALA, Alain; DÉNIEL, Jacques; LEBOUTTE, Patrick (orgs) Une Encyclopédie du Nu au Cinéma. Éditions Yellow Now/Studio 43 – MJC/Terre Neuve Dunkerque. P. 275.
2. Blason In BERGALA, Alain; DÉNIEL, Jacques; LEBOUTTE, Patrick (orgs) Une Encyclopédie du Nu au Cinéma. Op. Cit., p. 59.

Camille: Vê meus pés no espelho?
Paul: Sim.
Camille: Acha que eles são bonitos?
Paul: Sim... Muito.
Camille: E meus tornozelos... Você gosta deles?
Paul: Sim...

Camille: E dos meus joelhos, você gosta também?
Paul: Sim... Eu gosto muito dos seus joelhos.
Camille: E minhas coxas?
Paul: Também.
Camille: Vê minha bunda no espelho?
Paul: Vejo.
Camille: Acha que tenho uma bunda bonita?
Paul: Sim... Muito. [...]
Camille: E meus seios, gosta deles?
Paul: Sim, muito.[...]
Camille: O que você prefere? Meus seios ou o bico dos meus seios?
Paul: não sei, gosto dos dois.
Camille: E meus ombros, gosta deles?

Paul: Sim.
Camille: Acho que não são muito arredondados.... E meus braços?
Paul: Sim.
Camille: E meu rosto?
Paul: Também.
Camille: Todo? Minha boca... Meus olhos... Meu nariz... Minhas orelhas?
Paul: Sim, tudo.
Camille: Então, você me ama inteira!
Paul: Sim. Eu amo você inteira, delicadamente, tragicamente.
Camille: Eu também, Paul.
Notas:
1. AMENGUAL, Barthélemy. Parlé In BERGALA, Alain; DÉNIEL, Jacques; LEBOUTTE, Patrick (orgs) Une Encyclopédie du Nu au Cinéma. Éditions Yellow Now/Studio 43 – MJC/Terre Neuve Dunkerque. P. 275.
2. Blason In BERGALA, Alain; DÉNIEL, Jacques; LEBOUTTE, Patrick (orgs) Une Encyclopédie du Nu au Cinéma. Op. Cit., p. 59.